terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Otorrinolaringologista

5:20. Os olhos pesados. Estico o braço e ligo o abajour que por algum motivo me incomodou durante o sono por estar desligado e depois ligado. Respiro e inspiro e testo o ouvido que confirma mais um dia com apenas o lado esquerdo. Lavo o rosto, vejo o projeto de barba que se lança ao mundo. Nenhuma música na cabeça, também pudera, a cera é tanta que provavelmente não deixaria minha audição óssea funcionar. É fato, tenho que ir a um médico. Trabalho até a hora do almoço e durante esse tempo consigo uma consulta no Planta Tower. Abro a porta e me sento dizendo: Faz quanto para me levar no Renascença, Vinte e sete reais, Tudo isso, retruco, Vinte e três retruca ele, Vinte para facilitar o troco, Venceu, Ganhei! Durante o caminho fico pensando como seria o médico. Seria um daqueles velhos frios e já cansados do teatro de palco cúbico, ou será um bela donzela daquelas que te faz confirmar o arquétipo de estudantes de medicina. Talvez eu tenha imaginado outras propostas, mas confesso que o tipo simpático e aparentemente normal não me acontecera nem por um segundo se quer. Otorrinolaringologista. Ao atravessar a avenida Colares Moreira fugindo da garoa fina me lembro que durante a infância em uma aula de ciência descobri que queria ser otorrinolaringologista, imaginando o quanto de coisas legais que uma pessoa com uma profissão desse tamanho seria capaz de fazer. Eu tinha 7 anos e uma mente criativa de uma criança de 7 anos. A barba coçou e me trouxe de volta aos 22 de frente a recepcionista que me dizia, Nome completo e identidade. Aguardei e conclui o prognóstico. Era só cera.


2 comentários:

Ra disse...

bem a minha cara essa história de cera.

"olha meu all star novo, tem cadarço rosa"
"olha meu all star, tem lama nele"

Verônica Heiss disse...

"Talvez eu tenha imaginado outras propostas, mas confesso que o tipo simpático e aparentemente normal não me acontecera nem por um segundo se quer."
adorei sua descrição!